POEMA DE HOJE # 001
Tom Jobim dizia que fazer sucesso no Brasil é um crime imperdoável, uma verdadeira ofensa. O autor do poema que se segue está tendo uma carreira bem sucedida, a meu ver merecidamente, como ator e roteirista.
Sabe aquela hora que você olha para a multidão e pensa: quem são essas pessoas, qual é a história de cada uma, o que elas passaram até agora, o que estão pensando? É o nosso momentinho breve de compaixão universal. Em que entendemos que eles são como nós e nós como eles. O poema que se segue é sobre isso:
na rua mena barreto passa uma avó
que nunca teve netos por um feirante
que não se casou e dá olá de longe
para um apontador do jogo do bicho
que perdeu a mãe de trombose e todos
seguem carregando suas tristeza
dentro de sacolas de plástico
que nunca teve netos por um feirante
que não se casou e dá olá de longe
para um apontador do jogo do bicho
que perdeu a mãe de trombose e todos
seguem carregando suas tristeza
dentro de sacolas de plástico
Gregório Duvivier, no livro Ligue os pontos, poemas de amor e big bang
Eu comprei esse livro, e gostei demais, Alvito. Ele é um grande poeta, diria que tem um olhar de cronista muito forte, o que cabe naquela minha teoria maluca de que os olhares do poeta e do cronista são os mesmos. O que fazem com o que vêm é que tem diferença (às vezes). O livro todo do Gregorio é ótimo.
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