Alegria

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segunda-feira, 31 de março de 2014

# 004 - Pneumotórax - Manuel Bandeira

Poema de hoje # 004
A história é linda. Depois de ver toda a sua família morrer de tuberculose, aos 18 anos o jovem Manuel Bandeira contrai a doença e recebe praticamente uma sentença de morte. Vai para Petrópolis tentar uma impossível recuperação, mas os médicos não lhe dão esperanças. Dribla a morte, os médicos, a lei das probabilidades e vive até os 80 anos. Talvez os deuses gostem de quem sabe zombar de si próprio, encarando a própria morte com bom humor:
PNEUMOTÓRAX (Manuel Bandeira, Seleta em prosa e verso).
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire
...................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

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