Alegria

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

# 047 - Funeral de um lavrador - João Cabral de Melo Neto

Poema de hoje # 047
Depois de ser acusado de comunista, João Cabral de Melo Neto conseguiu retornar ao Itamarati e entre 1954-5 escreveu Morte e Vida Severina, publicado em 1955. Dez anos depois uma pequena parte do poema seria musicada pelo jovem compositor Chico Buarque em 1965, um ano depois do golpe militar, causado entre outras coisas pelas tensões e disputas em torno da terra e da reforma agrária:
Funeral de um lavrador
Esta cova em que estás,
Em palmos medida,
É a conta menor
que tiraste em vida,
É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio,
Não é cova grande,
é cova medida,
É a terra que querias
ver dividida,
É uma cova grande,
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo,
é uma cova grande
para teu defunto parco,
Porém mais que no mundo
te sentirás largo,
É uma cova grande,
para tua carne pouca,
Mas a terra dada
não se abre a boca.

4 comentários:

  1. Depois de anos passados este poema de João Cabral da Costa Neto com a música de Chico Buarque revela exatamente o que acontece em nosso país em pleno século XXI.

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  2. Milhões vieram para as cidades, um chegou a presidente da República. Mas a exploração e a miséria continuam.

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  3. Milhões vieram para as cidades, um chegou a presidente da República. Mas a exploração e a miséria continuam.

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