Poema de hoje # 061
Nosso Vinicius dizia que Rimbaud (1854-1891) era tão simplesmente "o maior de todos". Mesmo dentre os poetas, sempre pouco lineares, teve uma trajetória conturbada e enigmática: o romance com Verlaine, intenso e conflituoso, o abandono da poesia ainda na juventude, a vida de traficante de armas na África e a morte aos 37 anos. O pequeno poema abaixo foi retirado de sua última obra, Uma temporada no Inferno, composta quando ele tinha 19 anos:
FOME, Arthur Rimbaud (Uma temporada no Inferno)
Se tenho gosto, é quase só
pela terra e pelas pedras.
Meu almoço é sempre o ar,
a rocha, o carvão, o ferro.
pela terra e pelas pedras.
Meu almoço é sempre o ar,
a rocha, o carvão, o ferro.
Minhas fomes girem, girem,
atravessem os trigais,
atraiam o alegre veneno
da flor de pau.
atravessem os trigais,
atraiam o alegre veneno
da flor de pau.
Comam os seixos quebráveis,
as velhas pedras das igrejas,
os biscoitos dos naufrágios,
os pães jogados nas cinzas.
as velhas pedras das igrejas,
os biscoitos dos naufrágios,
os pães jogados nas cinzas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário