Alegria

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

# 061 - Fome - Arthur Rimbaud

Poema de hoje # 061
Nosso Vinicius dizia que Rimbaud (1854-1891) era tão simplesmente "o maior de todos". Mesmo dentre os poetas, sempre pouco lineares, teve uma trajetória conturbada e enigmática: o romance com Verlaine, intenso e conflituoso, o abandono da poesia ainda na juventude, a vida de traficante de armas na África e a morte aos 37 anos. O pequeno poema abaixo foi retirado de sua última obra, Uma temporada no Inferno, composta quando ele tinha 19 anos:
FOME, Arthur Rimbaud (Uma temporada no Inferno)
Se tenho gosto, é quase só
pela terra e pelas pedras.
Meu almoço é sempre o ar,
a rocha, o carvão, o ferro.
Minhas fomes girem, girem,
atravessem os trigais,
atraiam o alegre veneno
da flor de pau.
Comam os seixos quebráveis,
as velhas pedras das igrejas,
os biscoitos dos naufrágios,
os pães jogados nas cinzas.

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