Alegria

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sexta-feira, 11 de abril de 2014

# 068 - Visitas inesperadas - Anna Kaum

Poema de hoje # 068
Não sei quase nada sobre Anna Kaum: não sei onde mora, o que faz da vida ou o que a vida faz com ela. Mas sei que ela é a mais assídua poeta a frequentar este humilde cantinho virtual. Além de sempre postar poesia da melhor qualidade, Anna também contribui com seus poemas. Foi difícil escolher um, pois além de bons são muito diferentes. Mas eu optei por este aqui, pois o bom humor é sempre bem vindo.
Visitas inesperadas, Anna Kaum
Ás vezes,quando a tarde cai e a chuva fina canta no telhado
Solidão vem me visitar
Ela chega mansa,assim como quem não quer nada
Mas num instante está lá,sentada,bem no meio da sala
Pés em cima da mesa,almofadas a lhe acomodar a cabeça
Dependendo do dia,tem a pachorra de me pedir uma coberta
Diz que não gosta de vento encanado.
Fica lá a revirar amores antigos e sussurrar tristezas
Gosta de fotos velhas.Diz que eu menina era mais bonita,pergunta dos parentes mortos,xinga o tempo que passa e nem liga pros nossos sonhos rasgados.
Outro dia cismou que queria ouvir um disco. Onde diabos eu acharia uma vitrola?
Tem cada ideia essa louca
De repente se levanta e dana a andar pelos cômodos vazios da casa
Pode esperar que lá vem choradeira
Quer beber uísque Escocês, reclama que cerveja não combina com ela.
“- Solidão que se preze bebe destilado importado!” Sentencia!
A tarde se cansa,a noite chega e ela lá,com pose de atriz de cinema americano na década de 40
É nessa hora que ela fica pior,piradinha a coitada!
Suspira pela cama vazia e me diz que sou burra,que grito muito e nunca penso antes de falar
“-Vais morrer velha,feia e sozinha!” Berra no espelho
Não aceita,a mandona,que eu ache namorado um saco;é que eles começam lindos,mas acabam sempre uns sapos!!
Depois se acalma e canta ouvindo Maysa.
Pelo menos tem bom gosto.
Teve um dia,acho que já estava meio de pilequinho,que resolveu se emperiquitar toda
Vestido de brilhos,sapato de salto,colares e uma maquiagem toda borrocada.
Essa criatura é doida,eu dei foi risada!!
Andava para lá e para cá, toda trabalhada na perua empoada.
Lá pelo meio da madrugada,já meio sonada,acho que enjoa daquilo tudo e se manda,
tem vezes que sai e nem se despede,quando dou por mim já foi, ganhou a rua. Meio louca,meio santa,lá vai ela porta a fora uivando pra lua...
É bem engraçada essa tal de Solidão,todo mundo reclama,foge,diz que não,mas eu,que perco o amigo mas não a piada, bem que me divirto com a danada!!
Anna Kaum

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