Alegria

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

# 054 - Versos áureos - Gérard de Nerval

Poema de hoje # 054
Gérard de Nerval tinha uma sólida formação e grande interesse pelos clássicos. Aos 33 anos começou a apresentar sinais de esquizofrenia. Viajou por toda a Europa e também pelo Oriente, interessado em cultos esotéricos. Depois de anos sofrendo com a doença, aos 47 anos enforca-se em um beco de Paris, onde nascera. Alguns poemas feitos em fase esquizofrênica e até mesmo de loucura alteram nomes de deuses e figuras mitológicas e produzem "genealogias delirantes" que acabam por "insuflar algo de novo e único na poesia francesa" do século XIX (Wikipedia e Alexei Bueno, Cinco séculos de poesia)
Versos áureos, Gérard de Nerval (1808-1855) (Cinco séculos de poesia - Alexei Bueno)

Mas como! Tudo é sensível!
Pitágoras
Oh! homem pensador, julgas que é em ti somente
Que há razão neste mundo onde em tudo arfa a vida?
Das forças que tu tens tua vontade é servida,
Mas dos conselhos teus o universo está ausente.
Respeita no animal um espírito agente:
Cada flor é uma alma à Natureza erguida;
Um mistério de amor no metal tem guarida;
'Tudo é sensível!' Tudo em teu ser é potente.
Teme, no muro cego, um olho que te espia:
Pois mesmo na matéria um verbo está sepulto...
Não a faças servir a alguma função ímpia!
No ser obscuro às vezes mora um Deus oculto;
E como olho a nascer por pálpebras coberto,
Nas pedras cresce um puro espírito desperto!

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