Alegria

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

# 022 - O atraso pontual - Paulo Leminski

Poema de hoje # 022
Mal comparando, podemos dizer que o cara foi o Raul Seixas da poesia brasileira. Além de poeta ele era tradutor, romancista, compositor, biógrafo e ensaísta. Também não era bom negócio mexer com ele porque além disso tudo Paulo Leminski era faixa preta de judô. A história mais bonita, de tantas, talvez ele tenha escrito depois da morte, quando sua antologia Toda Poesia ficou semanas na lista dos mais vendidos, provando o improvável: poesia também vende. Foi ali que pescamos esse diamante:
O atraso pontual, Paulo Leminski (Toda poesia)
Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relógio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser no tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
Vêm sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
Entre o tempo e o espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?

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