Alegria

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

# 028 - Brisa marinha - Mallarmé



Poema de hoje # 028
Tradutore, traditore, ainda mais em se tratando de poesia, sobretudo de um poeta que é puro som, como Mallarmé. Mas quando você junta os irmãos Augusto e Haroldo de Campos com o auxílio luxuoso de Décio Pignatari, tudo é possível. Só o primeiro verso já vale o poema, um poderoso canto de liberdade:
Brisa marinha, Mallarmé (Mallarmé),
A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
Impede o coração de submergir no mar
Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
Este papel vazio com seu branco anseio,
Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas,
Ergue a âncora em prol das mais estranhas plagas!
Um Tédio, desolado por cruéis silêncios,
Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
E é possível que os mastros, entre as ondas más,
Rompam-se ao vento sobre os náufragos, sem mas-
Tros, sem mastros, nem ilhas férteis, a vogar...
Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do mar!

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