Alegria

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

# 024 - Noite de amor insone - Federico Garcia Lorca

Poema de hoje # 024
Homossexual e socialista, o poeta e dramaturgo andaluz foi assassinado com um tiro pelas costas no início da Guerra Civil Espanhola. Federico García Lorca tinha apenas 38 anos e muitos planos. Dentre eles um livro chamado Sonetos do Amor Obscuro, que foi publicado após a sua morte. Tem onze poemas e em apenas um o amor pelo mesmo sexo é revelado. Mas em todos eles pulsa uma paixão avassaladora, com o perdão da redundância, transformada em uma arte que ainda hoje escorre sangue e vida. Foi difícil escolher um, mas fiquei com este:
Noite de amor insone, Federico Garcia Lorca (Sonetos do Amor Obscuro/ Divã do Tamarit)
A noite sobre os dois com lua cheia,
eu me pus a chorar e tu, tu rias!
Teu desdém era um deus; minhas sombrias
queixas, pombas e instantes em cadeia.
A noite sob os dois. Voz de dor cheia,
por longes bem remotos tu gemias.
Minha dor era um grupo de agonias
sobre teu débil coração de areia.
Chegou a aurora e uniu-nos sobre a cama,
as bocas postas no esguichar gelado
de um sangue que, incessante, se derrama
E o sol entrou pelo balcão fechado
e eis que o coral da vida abriu a rama
sobre meu coração amortalhado

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